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Cidades

“Mulheres pretas foram pioneiras”, afirma pesquisadora Heloísa Ivone

A profissional é coordenadora do Fórum de Mulheres Negras


Imagem ilustrativa da imagem “Mulheres pretas foram pioneiras”, afirma pesquisadora Heloísa Ivone
Heloisa Ivone é pedagoga, pesquisadora e coordenadora do Fórum Mulheres Negras |  Foto: Divulgação

Heloisa Ivone da Silva de Carvalho, pedagoga, pesquisadora e doutoranda pela Universidade Federal do Espírito Santo, é coordenadora do Fórum de Mulheres Negras.

Nesta entrevista para A Tribuna ela fala dos desafios das mulheres negras e de como o empreendedorismo pode ajudá-las se estiver conectado a políticas públicas eficazes para acolher e oportunizar espaços de trabalho, geração de renda, lazer, saúde, educação, assistência social e sobretudo de direitos humanos.

A Tribuna – Como o seu trabalho ajuda no enfrentamento à violência contra a mulher?

Trabalho com grupos de mulheres negras que se propõem a falar de si, conversamos sobre ser mulher e os desafios desde as questões hormonais, estéticas, o quanto precisamos estudar, ou seja, quem não concluiu o ensino fundamental, estimulamos a voltar estudar ir para a EJA, a ocupar as unidades de saúde, espaços de convivências.

A sociedade nos ensinou a competir umas com as outras, mas é preciso entender que só chegaremos à vitória se as lutas forem coletivas, se dermos as mãos, andarmos juntas, ressignificarmos juntas o lugar da mulher negra na sociedade, e que é urgente nos cuidar.

Precisamos tirar um tempo para nós, não para produzir para essa sociedade capitalista, mas para nos fortalecer, enfrentar os desafios diários, falar das dores, narrar nossas histórias, aprender a dizer não para as pessoas que nos oprimem, ou seja, problematizamos as relações de gênero, as masculinidades tóxicas e o enfrentamento às violências.

Como é o trabalho do fórum?

O Fórum Nacional de Mulheres Negras reúne centenas de mulheres de todos os estados do País que discutem sobre os desafios diante da conjuntura e as perspectivas femininas negras.

No caso do nosso fórum do Espírito Santo, temos como principal meta a luta contra o racismo e a defesa da vida das mulheres negras. Esse ano fomos às ruas do Centro de Vitória para a 1ª Marcha Estadual das Mulheres Negras Capixabas, no dia 28 de julho de 2023, que marcou a celebração do Dia Internacional da Mulher Negra, Latina e Caribenha.

Realizamos ações na Grande Vitória e no interior do Estado como rodas de conversas, círculos de diálogos, com uma perspectiva de uma escuta afetiva, conscientizando sobre os direitos, assim como denunciamos atos de racismo, machismo e sexismo, fortalecendo a autoestima, autonomia e fortalecimento dessas mulheres pretas.

Na sua opinião a mulher preta sofre mais violência?

Infelizmente essa questão não é ponto de dúvida, pois os dados dizem isso, além das subnotificações. A violência contra mulheres brancas diminuiu. Infelizmente não é o que tem acontecido com as mulheres pretas. A ofensa verbal é o principal abuso relatado pelas mulheres em recente pesquisa.

Insultos, humilhações e xingamentos foram relatados por 23,1% delas, de acordo com os dados do Atlas de Violência, IPEA e outras fontes de pesquisa que trazem que no Brasil a violência aumentou de 7,9% em 2021 para 13,5% em 2022, um crescimento de 5,6% de casos.

Os casos de violência física, como chutes, empurrões e batidas ficaram em segundo lugar com um aumento de 5,3% entre 2021 e 2022. As violências mais comuns e mais graves acontecem dentro de casa (53,8%) e tiveram ex-companheiros (31,3%) ou companheiros (26,7%) como autores. A perseguição e o abuso tiveram maior crescimento em 2022.

Precisamos problematizar a violência contra as mulheres no Brasil, no Estado, na Grande Vitória e na nossa capital.

O que avançamos? Será que as mulheres negras contam com o apoio do Estado? Como andam os aparatos jurídicos? As mulheres negras conseguem acessar? Como são atendidas? São acolhidas ou ainda são julgadas? A impressão que tenho é que nós mulheres negras dependemos de nós mesmas para vivermos uma vida sem violências.

Somos a maioria da população, somos a maioria no índice de todas as violências e violações de direitos, não queremos mais esse lugar.

Queremos e temos direito de ser maioria na universidade, na Medicina, na Engenharia, no Judiciário, lembrando que no Brasil há um contingente de 53.566.935 mulheres negras, dentre uma população residente estimada em 201,5 milhões de pessoas, segundo dados do IBGE de 2022. É urgente políticas públicas de acesso às mulheres negras em todos os espaços.

Como o empreendedorismo pode tirar a mulher da situação de violência?

Importante destacarmos que as mulheres pretas foram as pioneiras do empreendedorismo.

Antes do século XIX, no período da escravização do povo negro, já produziam seus quitutes (eram conhecidas como “escravas de ganho”), para juntar dinheiro na tentativa das alforrias de sua família, além do trabalho nas atividades agrícolas e domésticas nas fazendas, onde iam para os centros das cidades para oferecerem seus serviços em busca das suas alforrias.

Para uma mulher negra sair de uma situação de violência, sobretudo quando se trata de uma dependência financeira e psicológica, ela precisa enfrentar muitas dificuldades até conseguir sua estabilidade financeira e emocional, mesmo se tiver sua formação.

O empreendedorismo pode ajudar se estiver conectado a políticas públicas eficazes para acolher e oportunizar espaços de trabalho, geração de renda, lazer, saúde, educação, assistência social e sobretudo de direitos humanos.

Precisamos compreender que independente dos esforços da mulher negra, vivemos em uma sociedade racista, sexista e que muitas vezes as portas estarão fechadas. Ela precisa resistir e enfrentar de frente os desafios diariamente.

Apoio vem de instituições

Instituições não governamentais no Espírito Santo estão promovendo ações de enfrentamento à violência contra a mulher através do empoderamento feminino pelo empreendedorismo. Com trabalhos sociais de apoio às mulheres, essas instituições têm se tornado potencializadoras na geração de renda e emprego.

Um dos fatores que reforçam as condições para que a violência contra a mulher ocorra é a falta de recursos financeiros. Muitas mulheres cuidam dos filhos e da casa, estão sem trabalho e sem renda, e assim propensas a se submeterem às condições impostas pelo marido/agressor.

As ONGs que atuam no Espírito Santo estão ajudando mulheres a deixar sua condição de vítima de violência para serem protagonistas de uma história de superação e sucesso, inspirando outras mulheres a buscar ajuda.

Para mostrar o trabalho dessas instituições é que a Secretaria das Mulheres vai premiar os melhores projetos desenvolvidos por instituições informais e organizações não governamentais (ONGs) que trabalhem com em três eixos: violência contra a mulher, empreendedorismo e inclusão produtiva, promoção e igualdade de gênero.

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