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Cidades

Psicóloga dá orientações para que famílias construam relações mais íntimas

Pressa dificulta a interação, diz especialista


Os inúmeros estímulos das telas, as intermináveis tarefas do dia a dia e a exigência por rendimentos sobre-humanos em todas as esferas da vida provocam um efeito cada vez mais comum nos lares: o afastamento entre pais e filhos.

A pressa, inclusive, tornou os diálogos familiares mais superficiais. De acordo com a psicóloga, professor e educadora parental Lícia Assbú, nunca foi tão importante restabelecer a conexão entre pais e filhos e desfazer os muros na comunicação familiar.

Em entrevista ao jornal A Tribuna, a especialista aborda o tema e dá orientações para que pais e filhos construam uma relação mais íntima e profunda.

A Tribuna - Quais são os principais dilemas cotidianos da educação de crianças e de adolescentes?

Lícia Assbú - Eu vejo que o principal hoje é a gente estar presente para se relacionar. Temos tantas tarefas, demandas, aulas dos nossos filhos e agendas lotadas que falta tempo para a relação.

Sabemos da importância dessa relação para a comunicação entre pais e filhos. Eu sinto que, hoje, os pais precisam recuperar a conexão com os filhos. Para isso, não basta apenas conversar: a comunicação deve revelar uma intimidade emocional. Precisamos eliminar os muros na comunicação entre pais e filhos.

Falar sobre tarefas é algo cotidiano, do piloto automático. Falta tempo para respirar, viver o presente e estar ali para se relacionar com a criança e com o adolescente. O principal dilema é estabelecer esse vínculo de qualidade.

A maior causa desse problema é a nossa pressa cotidiana, essa demanda por responder tudo o que nós achamos que temos que responder: casa, escola, aula de inglês, natação, entre outras atividades da criança. Estamos esquecendo de deixar a criança brincar, se relacionar e conversar sobre o dia, por exemplo.

O que precisamos para estabelecer essa comunicação mais íntima?

Acredito que investindo em tempo de qualidade. Como é esse tempo? É brincando, fazendo algo juntos, se conectando a eles, longe dos celulares e de outras telas. Assim poderemos estar presentes, respeitando a natureza da criança e do adolescente, sem críticas. Quando falamos em comunicação, podemos construir pontes ou muros. A escolha é nossa.

Não podemos comunicar cobranças e autoritarismo, sem olhar para a criança, sem demonstrar o amor incondicional. Se fizermos isso, só iremos construir muros. Muitas vezes, cobramos dos filhos aquilo que eles ainda não estão prontos para responder.

Como cobrar, por exemplo, que uma criança de três anos não possa fazer ‘birra’ ou ‘pirraça’? Ela ainda não tem recurso cerebral para responder dessa forma. Isso faz parte do processo de amadurecimento cerebral dela.

Essa comunicação é mais do que verbal? Às vezes, as famílias até esquecem do abraço, por exemplo.

É verbal, mas não só. É o estar ali presente. Às vezes, não precisamos nem falar. Por exemplo, quando o filho chega e conta alguma coisa, você ouve com atenção ou só responde ‘tudo bem’ e já faz uma cobrança? É preciso estar presente para ouvir, ter uma escuta ativa.

Quando seu filho te contar algo, preste atenção. Não é só o verbal. É escutar, abraçar, ter contato de verdade. Nós somos seres de apego e gostamos de contato, isso faz parte da natureza humana. Então, cultive isso na criança. É assim que damos segurança e respondemos às necessidades dos nossos filhos.

Algumas pesquisas demonstram que pais não compreendem as preocupações e problemas dos filhos. Como você analisa isso?

É um problema que também passa pela comunicação. Para entender as preocupações, é preciso ouvir a criança a partir daquela necessidade dela. Se os pais ouvirem e disserem que é besteira, a criança vai entender que aquilo não tem valor. Pode ser, por exemplo, uma briga com um colega de escola.

Quando isso acontecer, os pais invalidam o sofrimento dos filhos, como se os motivos deles não fossem importantes. Assim, o que a criança e o adolescente vão sentir é como se a mãe e o pai, as pessoas mais importantes da vida deles, dissessem ‘você está errado de se sentir assim’.

Além de sentir o sofrimento, a criança ainda vai se sentir inadequada pelo que sente. Então, mais uma vez, constrói-se um muro.

É preciso observar do ponto de vista da criança. Se coloque no lugar da criança: quando você brigava na escola, aquilo causava um sofrimento.

Quais são os futuros efeitos emocionais e cognitivos de uma criança que cresceu sem uma boa comunicação com os pais?

O principal efeito dessa falta de comunicação é justamente a ponte de diálogo entre pais e filhos. Quando forem adolescentes, a quem essas crianças irão recorrer quando tiverem dúvidas? Se não houver boa comunicação, a resposta é à rua, à internet e aos amigos.

A casa, que deveria ser o porto seguro, fica de fora. Enquanto pais, o que nós precisamos buscar é sempre ser esse porto seguro. Toda criança e adolescente vai errar, mas é importante que os pais sejam a quem eles recorrem nessas horas.

Quando isso não acontece, há um sentimento de inadequação, como efeito emocional e cognitivo. No futuro, essas crianças serão adolescentes ansiosos, com depressão, com problemas de autoestima e que buscam amizades para suprir um vazio emocional.

Não é uma simples relação de causa e efeito, mas conseguimos atribuir como causas para tais problemas. Quando os pais conseguem exercer uma parentalidade positiva, os sentimentos das crianças são validados. Assim, pai e mãe se tornam um porto seguro.

O comportamento punitivo para os filhos pode afastá-los?

Com certeza. Quando castigamos os filhos, o que estimulamos? A mentira. Se a criança for punida por contar algo aos pais, ela vai deixar de contar e, futuramente, se tornar um adolescente que acredita que não pode contar a verdade. Isso não é investir nas relações, não é explicar os porquês e não é construir um diálogo com respeito do ponto de vista dos filhos.

Quando cumprimos essas premissas da parentalidade positiva, investimos na relação com os filhos. É assim que conseguimos fazer parte da vida dos nossos filhos quando eles saem de casa.

Uma boa educação também não é uma educação sem erros, certo?

Não existe boa educação sem erros. Brincamos que a culpa já nasce com a maternidade, por exemplo. Nós sempre vamos errar, mas podemos ser melhores a cada dia. Dar lugar à culpa nos deixa estagnados, sofrendo por algo que podíamos ter feito melhor.

Devemos transformar essa culpa em uma responsabilidade para fazer melhor a partir daquilo que aprendemos que não dá certo. Admitir os próprios erros é algo necessário para que possamos superá-los. O nosso comportamento é o maior modelo para os nossos filhos.

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