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Regional

Lagostas capixabas vivas são exportadas para China

Com 35 anos de experiência, Afonso compra a produção dos pescadores, prepara, empacota e envia para o mercado asiático


Imagem ilustrativa da imagem Lagostas capixabas vivas são exportadas para China
Afonso Jório segura um filhote da lagosta criada no berçário do Instituto Repovoarte |  Foto: Roberta Bourguignon

A jornada das lagostas que saem de Guarapari e chegam vivas na China foi um projeto desenvolvido pelo pescador Afonso Jório que, aos 69 anos, revela como se tornou pioneiro na exportação, há mais de 30 anos. Sem curso superior, seu conhecimento é prático, e ele se orgulha de ter sido o primeiro a realizar essa ousada empreitada.

De maio a outubro, período de exportação, as lagostas “viajam” de 49 a 56 horas até Hong Kong, na China, de avião. Surpreendentemente, fazem o percurso sem água, sustentando-se apenas na embalagem especialmente preparada por Afonso

Com 35 anos de experiência no ramo, Afonso conta que compra a produção dos pescadores locais, faz a preparação, empacota e envia para o mercado chinês. O embarque no avião é feito no Rio de Janeiro.

“Foram muitos estudos até chegar como é atualmente. Meu mercado principal hoje é a China, mas já exportamos também para a Europa, porém foi proibido”.

E completa: “A partir de maio, quando tem início a temporada de lagostas, todas as semanas embarcamos elas no Rio de Janeiro porque em Vitória também não é feito esse tipo de serviço mais. A viagem leva de 49 a 56 horas. Elas viajam sem água, e suportam o tempo na embalagem”.

A proibição da venda para a Europa, após a Operação Carne Fraca – deflagrada pela Polícia Federal em 2017 para investigar grandes frigoríficos nacionais acusados de adulterar a carne que vendiam nos mercados interno e externo –, levou Afonso a focar principalmente no mercado chinês.

Ele também expandiu seu conhecimento, implantando o sistema que desenvolveu em 11 bases no Brasil, nas Bahamas, nos Estados Unidos e no México.

“Hoje, 66% da lagosta que sai do Brasil é do Nordeste. E todos que atuam nesse serviço, tiveram meu suporte. Ainda enviamos muitas lagostas da nossa cidade-base, Guarapari, onde tudo começou. Compro a produção dos pescadores, faço a preparação, embalo e mando para a China”.

Afonso declara que há cada vez menos lagostas sendo encontradas no fundo do mar. E, pensando no repovoamento delas, começou a desenvolver um projeto como forma de potencializar a sobrevivência da desova.

Projeto para garantir a reprodução controlada

Para aumentar a quantidade de lagostas no mar, um projeto do Instituto Repovoarte visa fazer a reprodução da espécie em um ambiente controlado, chamado viveiro-berçário, para proteger os filhotes e depois devolvê-los à natureza, em tamanho mais seguro.

O pescador Afonso Jório destaca a importância desse projeto como forma de potencializar a sobrevivência da desova.

“Uma lagosta adulta lança de 500 a 750 mil ovos na natureza. Eles ficam em estado planctônico por 300 dias, ou seja, uma espécie de larva boiando. Como a lagosta é a base da cadeia alimentar, ela acaba virando alimento de peixes e até água-viva”.

“A cada 750 mil lagostas, só uma chega à fase adulta. Se todas conseguissem, não haveria espaço no mar, mas podemos permitir que mais delas cresçam com o repovoamento. Chamo esse projeto de potencialização da sobrevivência da desova”.

A ideia é fazer a desova dentro do ambiente controlado e sem predadores. “Coloco na caixa preparada, elas passam por nove fases de metamorfose, desde que saem do ovo até virarem um filhote de 1 cm e meio no máximo. Isso leva até 320 dias. Depois levamos para o ambiente confinado, já no mar, e esperamos desenvolver”.

Meta é salvar espécies ameaçadas

Imagem ilustrativa da imagem Lagostas capixabas vivas são exportadas para China
Afonso mostra instalações |  Foto: Roberta Bourguignon

Além das lagostas, o Instituto Repovoarte busca repovoar outras espécies marinhas ameaçadas.

Afonso Jório é o presidente do projeto, que conta com outros profissionais como o estudante Domingos Filho, o empresário e secretário-executivo do Instituto José Maria Novaes, o engenheiro de pesca Bernardo Rody Machado, e o biólogo e maricultor Nelson Welerson Xavier e Silva.

A sede do instituto começa em Presidente Kennedy, onde empresários abriram as portas para o repovoamento.

“O projeto ganhou uma amplitude, e vimos a necessidade de não reproduzir somente a lagosta, mas outros organismos que vêm sofrendo o impacto da ação pesqueira, da poluição e da perda de habitat, entre outros”.

O instituto está em fase de montagem e vai começar a desenvolver o repovoamento de espécies como caranguejo, camarão, robalo e tainha. A entidade terá laboratório para criação, produção de ração, além de espaço para visitação, e estudo para outros profissionais. Será uma fazenda marinha modelo para o mundo.

E Presidente Kennedy tem um estudo a mais, que é a invasão do bagre africano.

“O bagre africano é um predador que come de tudo e ele acabou consumindo boa parte da fauna nativa do Rio Itabapoana. Mas a pesca dele acabou virando uma atividade econômica, então não podemos estimular a captura para por fim, porque tiraríamos o sustento de várias famílias”, diz Bernado.

“A ideia é que possamos reproduzir espécies nativas e, junto com os técnicos, fazer a reprodução para levar esses alevinos ao tamanho seguro para fazer essa devolução à natureza”, completa Bernardo.

Com isso, o Instituto Repovoarte pretende criar um laboratório dedicado ao repovoamento de alevinos de espécies marinhas em declínio, não somente uma específica, mas várias outras.

“O laboratório será um espaço aberto para visitação, transformando-se em uma escola dedicada à conscientização ambiental. Com o apoio do Porto Central de Presidente Kennedy, vamos expandir ainda mais o projeto de repovoamento, devolvendo à natureza centenas de animais marinhos e contribuindo para a preservação de diversas espécies”, finaliza Afonso.

FIQUE POR DENTRO

A pesca da lagosta só é permitida de maio a outubro, por esse motivo não há exportação do Espírito Santo para a China fora desse período.

Na temporada de envio, os crustáceos são preparados e empacotados pelo pescador Afonso Jório, em Guarapari, e seguem até o Rio de Janeiro de transporte terrestre, para serem embarcadas no avião.

O pescador é pioneiro nesse tipo de serviço, que é feito há 35 anos. As lagostas viajam de 49 a 56 horas de avião, sem água, sustentadas em uma embalagem especial, e chegam vivas ao destino final.

Além da cidade-base, que é Guarapari, o pescador já implantou o mesmo sistema em mais 11 locais, no Brasil, Bahamas, EUA e México.

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