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Doutor João Responde

Doutor João Responde

Colunista

Dr. João Evangelista

Não devemos lutar contra o luto

Coluna foi publicada nesta terça-feira (05)

Dr. João Evangelista | 05/03/2024, 10:12 10:12 h | Atualizado em 05/03/2024, 10:12

Imagem ilustrativa da imagem Não devemos lutar contra o luto
Durante o processo do luto, é preciso deixar que os sentimentos se diluam, com tempo para si mesmo |  Foto: © Divulgação/Canva

Embora tenham mais intimidade com a morte, os profissionais de saúde, como todo ser vivo, também temem e sofrem com sua presença. Com 72 anos de vida e quase meio século exercendo a Medicina, venho acumulando perdas de pacientes, amigos, parentes e animais de estimação, cujo amor produziu vínculos afetivos profundos.

Alguns médicos insistem em medicalizar as dores da vida e tratar o luto como uma doença. Seria melhor que esses profissionais tranquilizassem os pacientes sobre o papel do luto.

Infelizmente, em um mundo hedonista, acredita-se que medicamentos curam todo o sofrimento da humanidade.

A vida é nutrida com alegria, tristeza, esperança, decepção, otimismo, pessimismo, amor e abandono. Morte é a ausência de si mesmo, cujo vazio será preenchido pela dor de quem perdeu algo, sejam pessoas, animais, amores ou sonhos.

Como passamos a vida correndo atrás do prazer, o sofrimento nem sempre é autorizado. Entretanto, o luto é um acontecimento óbvio, que não deve ser considerado com superficialidade. O sofrimento é tanto parte da vida, quanto da alegria de viver. Proteção sempre foi uma das funções mais importantes do apego entre os seres vivos. Perda significa privação. Chegar, partir, conquistar ou fracassar, toda mudança envolve perda e ganho. O pranto do enlutado atende a função biológica de atrair proteção.

É confortador saber que os seres vivos são altamente adaptáveis e, a longo prazo, a maioria é capaz de enfrentar os acontecimentos que causam desorganização e sofrimento.

O traço mais característico do luto é uma mistura de dor ansiosa com saudade, fazendo com que estradas largas se transformem em estreitos labirintos.

Nesses momentos sombrios, a mente, para ganhar tempo, tem seus próprios recursos, cujo objetivo é limitar a quantidade de informação fragmentada.

Para o enlutado, o tempo escapa do relógio, arrastando-se lentamente. Dor enlouquece o julgamento. Ninguém absorve de uma só vez a realidade de um evento tão importante, como o luto.

Apenas com o passar do tempo, o equilíbrio retorna. Os rituais relacionados à perda não têm valor para os mortos, mas são vitais para os vivos. Lágrimas expressam amor, mas clamam por alívio. O luto adiado endurece o coração.

Durante o processo, é preciso deixar que os sentimentos se diluam, com tempo para si mesmo.

Negação, raiva, barganha, depressão e aceitação, são estágios lentos, alternando-se, até que o indivíduo aceite a realidade.

Essas etapas são respostas emocionais esperadas. Por essa razão, devem ser sentidas e expressadas, para que a pessoa consiga lidar com a perda. 

É importante ser paciente com o luto, permitindo suas recaídas emocionais, pensamentos negativos e confusão acerca de como viver, a partir de agora.

O luto é um remédio amargo, cuja função é cicatrizar a ferida aberta pela perda. Para a dor passar, ela tem que ser sentida.

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