A retomada
Coluna foi publicada nesta quarta-feira (26)
Para uma seleção que deixou o país para dos amistosos em solo europeu sob muita desconfiança, vendendo a impressão de que seria goleada pela Inglaterra, em Wembley, e batida facilmente no Bernabéu por uma Espanha desfalcada, os primeiros 180 minutos sob o direção de Dorival Júnior deixaram boa impressão.
Da vitória de 1 a 0 em Londres pode-se tirar a eficiência do time na marcação, fator fundamental para o resultado; e do 3 a 3 em Madrid deve se destacar o poder de reação demonstrado duas vezes diante de um adversário mais bem estruturado. E, detalhe: numa noite de pouco brilhantismo individual, o que é normalíssimo.
Ofensivamente, Lucas Paquetá não teve a mesma liberdade para as combinações e comprometeu a eficácia do quarteto ofensivo. E, defensivamente, Vinicius Júnior e Raphinha não foram eficazes no fechamento dos corredores, facilitando o ataque espanhol - sobretudo para o prodígio Lamine Yamal, a joia de 16 anos.
Mesmo assim, o fato de alguns jogadores não terem repetido a ótima atuação do amistoso em Londres, não compromete o todo.
Endrick
O time de Dorival Júnior teve mais pontos a favor do que contra e (de novo!) isso independe do resultado. Os novatos exibiram bom nível, técnico e competitivo, e Endrick, com dois gols em 64 minutos, foi a cereja de bolo.
A estrutura se desfaz e só retoma os trabalhos no início de junho já em fase de preparação para a Copa América nos Estados Unidos, no final do mês.
Antes da estreia, o time medirá forças com o México e encerrará o período de experiências num confronto com os anfitriões do torneio em 180 minutos para ajustes.
Em termos coletivos, a seleção brasileira ainda está atrás da Argentina, atual campeã do Mundo, e Colômbia, invicta há 16 jogos. Mas com a boa retaguarda oferecida por Rodrigo Caetano, a competência de Dorival Júnior e o talento de uma safra que brilha no futebol europeu, é possível acreditar numa retomada.
Neymardependência
E se a recuperação institucional do emblema vier com o título da Copa América, a CBF poderá, finalmente, se ver um pouco mais fortalecida no interminável debate sobre a dependência de Neymar.
Por ora, nos falta maturidade e bons resultados para aceitar que o problema não é o craque e toda a polêmica que gira em torno dele - e sim a falta de um projeto confiável que faça dele, Neymar, um mero complemento.