Alergia pode causar esofagite
Coluna foi publicada nesta terça-feira (17)
Apresentar sintomas iguais em doenças diferentes torna a medicina complexa e desafiadora. Além disso, existem enfermidades que se misturam entre si, como acontece com a patologia causada pelo refluxo ácido e a esofagite eosinofílica.
Alguns gastroenterologistas, após medicarem, exaustivamente, uma esofagite provocada pelo retorno ácido, descobrem que, na verdade, tratava-se de uma alergia no esôfago.
Eosinófilos são células de defesa que estão presentes no sangue em altas concentrações, principalmente quando o corpo passa por reações alérgicas ou em caso de infecções provocadas por protozoários, bactérias e fungos.
Estando presentes em praticamente todo aparelho digestivo de pessoas saudáveis, os eosinófilos são encontrados na mucosa gástrica, entérica e colônica, mas não na parede do esôfago, onde poderá desencadear inflamação local.
A disfunção nesse órgão pode manifestar-se de formas variadas, incluindo dor torácica, impactação alimentar, disfagia, pirose e regurgitação, mimetizando doença do refluxo gastroesofágico.
É importante ressaltar que essas patologias não são excludentes entre si, podendo coexistir em alguns pacientes. Além disso, alterações da motilidade e complacência esofágica, secundárias a esofagite eosinofílica, podem provocar um quadro secundário de doença do refluxo gastroesofágico, enquanto a quebra da barreira epitelial ocasionada pelo refluxo pode se associar com maior exposição a antígenos e consequentemente eosinofilia esofágica.
Pesquisas recentes mostram um aumento no número de pacientes que apresentam eosinofilia esofágica e que não respondem ao tratamento convencional da doença do refluxo.
Os transtornos digestivos eosinofílicos constituem-se em enfermidades inflamatórias, caracterizadas pela presença de eosinófilos ao longo do tubo digestivo, na ausência de doenças que cursam com eosinofilia secundária.
A etiologia da esofagite eosinofílica ainda não está completamente elucidada, porém, é sabido que ocorre uma nítida associação com atopias, devido a participação de antígenos alimentares em sua patogênese.
Interação entre fatores genéticos e ambientais, além de predisposição familiar, apontam para possíveis causas de esofagite alérgica.
A implicação da alergia alimentar nessa esofagite tem sido justificada com base na elevada frequência de sensibilização a alimentos encontrada entre estes doentes.
Existem relatos de pacientes com alergia respiratória e sensibilização ao pólen que referem agravamento dos sintomas de esofagite eosinofílica durante a primavera e início de verão.
Para além disso, o fato de também se verificar uma variação sazonal na incidência da doença, com as mais baixas taxas de diagnóstico durante o inverno, sugere a possibilidade da participação de alérgenos aéreos no desenvolvimento da esofagite alérgica.
Contudo, torna-se imprescindível administrar qualquer doença, mesmo incurável; caso contrário, a saúde se divorcia da esperança.