Dona Domingas e Vitória, um reencontro emocionante!
Coluna foi publicada nesta terça-feira (07)
Um evento de importância histórica para o Estado ocorreu no último dia 30 de abril. A Escola de Ciência, Biologia e História (ECBH) de Vitória abriu suas portas para receber uma de suas filhas mais ilustres, Dona Domingas.
A estatueta baseada no monumento público situado no centro da capital foi concebida pela equipe do Laboratório de Extensão e Pesquisa em Arte (Leena) da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes) e entregue à sociedade capixaba. Vale ressaltar o ineditismo dessa obra, a primeira nessas dimensões (50cm de altura e cerca de 30kg) produzidas pelos pesquisadores, o que imprimiu responsabilidade e muita pesquisa.
Espaço destinado à disseminação do saber, da cultura, ciência e arte, a ECBH se caracteriza pela excelência dos trabalhos relacionados à cultura capixaba, ao patrimônio histórico, entre outros.
Nesse sentido, Dona Domingas adentra a esse espaço, onde se respira cultura, revestida de um simbolismo incomensurável. Além dos espaços já pertencentes à ECBH, como o Africanidades, foi preparado primorosamente pelos profissionais um diálogo com a escultura, na medida em que as crianças e os visitantes possam entender, de forma mais ampla, todo o significado dessa mulher.
Para tanto, foi criado o espaço temático Santo Antônio, bairro onde ela viveu boa parte de sua vida, propiciando, inclusive, um sentimento de pertencimento aos moradores da região. A recepção a Dona Domingas foi recheada de emoção e significado.
Alunos da Escola Municipal de Ensino Fundamental (Emef) Amilton Monteiro Silva festejaram esse encontro e celebraram Domingas, como alguém que, de muitas formas, representa aquela comunidade de maneira atemporal. Ao longo de décadas, Vitória se encontrou com Dona Domingas, sem, no entanto, conversar com ela, saber de suas dores, seus sonhos e dificuldades. Tanto tempo depois, a cidade chega às escadarias do Palácio Anchieta e acolhe sua filha há tanto tempo invisibilizada.
Ao adentrar no acervo da ECBH, Dona Domingas, finalmente, tem acesso à escola, que provavelmente, lhe foi negada enquanto viva, e que agora celebra sua chegada. Fazendo uma reflexão sobre a importância de “heróis e heroínas” na construção da identidade de um povo, é fundamental nos atentarmos àqueles que passaram por Vitória especificamente, e deixaram suas marcas impressas na memória coletiva, independentemente da atividade desenvolvida.
Nossa capital é rica de protagonistas anônimos, que, assim como Domingas, representam o espelho de uma sociedade pulsante. São tantos e tão relevantes que merecem uma outra coluna, só para mencioná-los, e, como diria Otinho, um desses ícones esquecidos: ”Não sou pouca coisa, sou um poeta urbano famoso”. Conhecido por seus versos, além da ligação com o carnaval, sempre se definia dessa maneira.
Que possamos acolher esses personagens e levá-los até nossas crianças, como Vitória acaba de fazer ao homenagear a única mulher negra eternizada em um monumento público no Estado.
Viva Dona Domingas!