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Economia

“Avançar em tecnologia ou ficar fora do mercado”, afirma o secretário Enio Bergoli

Softwares, máquinas e equipamentos entraram de vez no agronegócio, diz o titular da Seag, que antecipou plano para a agricultura familiar


Imagem ilustrativa da imagem “Avançar em tecnologia ou ficar fora do mercado”, afirma o secretário Enio Bergoli
Bergoli falou do “mais amplo plano para agricultura familiar do País”: ajuda de R$ 25 mil para comprar imóvel |  Foto: Weslei Radavelli

“O uso da ciência e tecnologia aliado à inteligência artificial e a uma agricultura de precisão é um caminho sem volta”. A frase é do secretário de Estado da Agricultura, Enio Bergoli, que deu o aviso:

“Há ainda uma parcela de produtores que precisa avançar nisso sob pena de ficar fora do mercado”.

O secretário revelou que o governo do Estado vai anunciar no dia 4 de abril o “mais amplo programa de apoio à agricultura familiar do Brasil”, que “está guardado a sete chaves”. Mas antecipou alguns pontos do plano.

Ele contou que será um conjunto de 11 ações, incluindo um edital com recursos do Fundo Social de Apoio à Agricultura Familiar (Funsaf) num valor em torno de R$ 8,5 milhões, para financiar projetos voltados à melhoria dos cultivos e da agregação de valor à produção.

“Haverá ainda reforço de assistência técnica, e distribuição de máquinas e equipamentos”, disse.

Em visita ao Estúdio Tribuna Online, ele antecipou também que o governo do Estado vai dar ajuda de R$ 25 mil para famílias de regiões rurais pagarem a entrada da casa própria financiada. O valor será somado ao subsídio já oferecido pelo governo federal, dentro do Minha Casa, Minha Vida.

Bergoli falou do potencial do agronegócio e relatou a dificuldade vivida pelos produtores de leite, que têm sofrido prejuízos. E comentou a evolução dos produtos capixabas e a importância do aprimoramento social e ambiental.

A Tribuna- Vamos começar falando da importância do agronegócio para o Estado. Há muitas exportações do setor para o exterior, certo?

Enio Bergoli- São 130 países que recebem produtos do agronegócio do Estado. Ele é pequeno em termos de dimensões territoriais, mas é gigante em diversas cadeias produtivas, com indicadores muito superiores aos médios da agricultura nacional, com muita eficiência.

Um exemplo é que, no conjunto, o Espírito Santo é o segundo maior produtor de café do Brasil. Minas é o maior. Mas, para o conilon, o Espírito Santo é o maior produtor disparado no País. Ou seja, duas em cada três sacas produzidas são do Espírito Santo.

Minas Gerais é o maior produtor, mas lá só 20% das propriedades têm café. No Espírito Santo, são 70%. Então temos uma densidade de produção muito grande ao longo desse pequeno território que nós temos.

Falando em cifras, são US$ 2 bilhões (R$ 10 bi) de volume exportado. Então, qual fatia o campo ocupa na composição da economia do Espírito Santo, no PIB (Produto Interno Bruto)?

A gente está desde 2011 sem calcular o PIB do agro, uma dificuldade de metodologia. Agora a Secretaria de Estado da Agricultura está fazendo convênio com o Instituto Jones (dos Santos Neves) para voltar a recalcular o PIB do agronegócio. A agricultura é diferente de agronegócio, que é mais abrangente, inclui, por exemplo, a celulose, a cadeia de café, entre outros.

Mas pegando um dado relativo. Das exportações totais do Espírito Santo, incluindo a enorme quantidade de minério de ferro que o Estado exporta, o agro representa 20%. Se você falar, no Espírito Santo, da participação da agricultura no PIB? 4%. E a do agronegócio no PIB? De 25% a 27%.

Como é o uso da tecnologia no setor rural capixaba?

Temos fazendas altamente tecnológicas. O Norte, sobretudo a parte mais plana, é o grande Eldorado, em uma das regiões com maior uso de tecnologia intensiva. Irrigação fértil, irrigação localizada, gotejamento, doses de água na capacidade exata que a planta possa absorver, calculando a quantidade de adubo. Nesta semana, estive em Linhares, vendo tecnologia associada de irrigação com computadores, sensores, quarta geração, todo aquele equipamento de última geração.

Produzimos com qualidade, sustentabilidade. Nossa produção atravessa oceanos, vai para a América do Norte, Europa, Ásia, África e Oceania. Só consegue chegar porque tem qualidade, é competitiva em termos de custo.

Não é fácil alcançar o mercado internacional, e isso o Espírito Santo faz com muita competência. Poderia citar ainda a tecnologia em setores como o avícola.

Em Santa Maria de Jetibá, a capital do ovo, há granja em que o homem não coloca a mão no ovo. Da galinha sai tudo automaticamente, sem ninguém pôr a mão, e o ovo vem com código de barras.

Ou seja, os softwares, as máquinas e os equipamentos, isso entrou definitivamente no agro brasileiro.

Vai evoluir muito ainda, claro, mas é um caminho sem volta. Os produtores só vão permanecer no mercado com algumas condicionantes, digamos assim. Eles precisam produzir com qualidade, sem resíduos. E com preços baixos e com competência tecnológica.

Então, o uso da ciência e tecnologia aliado à inteligência artificial, a uma agricultura de precisão é um caminho sem volta. Ainda temos uma parcela de produtores que precisa avançar nisso sob pena de ficar fora do mercado.

Nossos produtores são de mercado, não são de subsistência.

E é um bom negócio para quem tem uma propriedade?

No médio prazo, sim. Mas só lembrando que a agricultura é uma indústria a céu aberto para a maioria das ocasiões. Está aberta às intempéries. Nós estamos vivendo agora uma onda de calor.

Muito forte. Há preocupação com a questão climática?

A gente não pode ter negacionismo no agro. As mudanças climáticas estão aí. É só observar os extremos cada vez mais frequentes. Nós estamos agora com temperaturas 5 graus acima da média. É uma temperatura em que as plantas param de crescer. Obviamente, o fruto vai ser menor, o peso vai ser menor.

A produção será menor, a renda vai diminuir, com uma insolação muito forte, a qualidade do fruto cai, ele fica queimado, tanto é, já temos protetor solar para plantas.

Essa questão das mudanças climáticas, a gente tem que ficar antenado com isso, o governo do Estado tem um programa de convivência dentro do contexto das mudanças. Capitaneado pelo governo, com a universidade, atores privados. Estamos preocupados, sim.

Temos algumas iniciativas de cultivo protegido, estufa, que a gente consegue controlar pouco, mas vale basicamente para algumas frutas, para o morango, para o tomate.

Aliás, cada vez mais a produção de tomate aqui no Estado é excelência. Nosso tomate é considerado de melhor qualidade para a mesa no Brasil. O salada e o italiano.

E sobre novas culturas. Tem produções diferentes que estão sendo iniciadas no Estado?

Há um produtor de São Mateus que está produzindo baunilha, que vale uma fortuna. Temos alguns produtores produzindo uma fruta chamada Physalis. Temos muitos condimentos, pimenta Jamaica nós já estamos exportando. Tem coisa nova surgindo.

Tínhamos arranjos que chamamos na economia de embrionários, muito pequenininhos, que existiam há muito tempo e em que nos tornamos gigantes. Pimenta-do-reino, gengibre, que vale muito. E o que é que é bacana do gengibre? É produzido na pequena propriedade. O Espírito Santo vai se tornar em pouco tempo, talvez em 10 anos, um dos principais polos de condimentos do Brasil.

Temperando o País...

Isso, isso! E os temperos têm valor muito alto por unidade de peso. Isso tem tudo a ver com o modo de produção que predomina no Estado, onde 75% das propriedades rurais são essas de base familiar.

Então, não nos interessa produzir commodities na agricultura, ou seja, produtos não diferenciados, para vender em grandes volumes. Nós temos que vender o melhor café em um preço diferenciado, porque o volume produzido individualmente para cada propriedade é pequeno.

Imagem ilustrativa da imagem “Avançar em tecnologia ou ficar fora do mercado”, afirma o secretário Enio Bergoli
Enio Bergoli falou com Rafael Guzzo sobre novos produtos que estão sendo cultivados no Estado: alto valor agregado |  Foto: Weslei Radavelli

Quem é

Enio Bergoli

Nascido no Rio Grande do Sul, vive no Espírito Santo desde 1980, tendo chegado quando tinha 16 anos.

Formou-se engenheiro agrônomo pela Ufes e pós-graduou-se em Administração Rural pela Federal de Viçosa (MG). Se diz um “apaixonado pela agricultura”.

Servidor do Incaper desde 1986, foi diretor-presidente do instituto. Também foi diretor do DER-ES.

Foi secretário de Estado da Agricultura também no período de 2009 a 2014. É autor e editor de vários livros.

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