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Internacional

Mudanças climáticas podem acordar vírus "zumbis" de quase 50 mil anos. Entenda

Especialista diz que expedições para descobrir patógenos que seriam prejudiciais para a humanidade são "uma loucura"


Além de afetar o nosso estilo de vida, as mudanças climáticas têm diversos riscos e impactos. Atualmente, o planeta já está 1,2º C mais quente do que era no período pré-industrial e devido ao derretimento da “permafrost”, terreno que tenha permanecido congelado durante, pelo menos, dois anos, vírus e bactérias perigosas podem reaparecer.

O virologista francês Jean-Michel Claverie alerta a humanidade sobre o despertar de vírus que estão “dormindo” há 50 mil anos e podem ser despertados com o descongelamento do solo de Solo que está congelado há pelo menos dois anos. Ele é formado por terra, rochas e sedimentos amalgamados. . São os chamados "vírus zumbis", que Claverie e sua equipe estudam há mais de uma década.

Em 2022, o Claverie e sua equipe conduziram uma série de estudos sobre vírus antigos recuperados que, apesar de sua idade, permaneceram capazes de infectar.

Em 2014, o pesquisador fez uma descoberta pioneira, demonstrando que vírus "vivos" poderiam ser extraídos do permafrost siberiano e revividos com sucesso, com um foco estrito em vírus que afetam amebas para evitar qualquer contaminação humana.

Esses resultados levaram o virologista a perceber que a ameaça à saúde pública indicada por esses vírus antigos havia sido subestimada. Em 2019, a equipe isolou 13 novos vírus, incluindo um que estava congelado sob um lago há mais de 48.500 anos, a partir de diferentes amostras de permafrost siberiano.

Imagem ilustrativa da imagem Mudanças climáticas podem acordar vírus "zumbis" de quase 50 mil anos. Entenda
Especialista diz que expedições para descobrir patógenos que seriam prejudiciais para a humanidade são "uma loucura" |  Foto: Canva

Os resultados dessas pesquisas foram publicados no ano passado, ressaltando que a ressurgência de uma infecção viral de um patógeno antigo e desconhecido poderia ter efeitos potencialmente devastadores em humanos, animais ou plantas. Um exemplo dessa ameaça se manifestou em 2016, na Sibéria, quando uma onda de calor ativou esporos de antraz, causando dezenas de infecções e a morte de uma criança, além de afetar milhares de renas.

Claverie destaca a importância de compreender esses vírus antigos, pois eles representam um potencial risco, especialmente se considerarmos que os neandertais podem ter sido vítimas de doenças virais desconhecidas no passado. Se um vírus antigo ressurgir, pode representar uma ameaça significativa para a humanidade. As informações são do O Tempo.

Monitoramento global

Ao longo dos anos, as agências de saúde globais e governos têm monitorado possíveis doenças infecciosas desconhecidas que os humanos não teriam imunidade, nem tratamento apropriado.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) adicionou, em 2017, uma “Doença X” genérica a uma lista restrita de patógenos considerados de alta prioridade para pesquisa e para desenvolvimento de um plano de ação para prevenção ou contenção em caso de pandemia. Após a pandemia da Covid-19, que parou o mundo, os esforços apenas se intensificaram.

"A OMS trabalha com mais de 300 cientistas para analisar as evidências de todas as famílias de vírus e bactérias que podem causar epidemias e pandemias, incluindo aquelas que podem ser liberadas com o descongelamento do permafrost", explica a porta-voz da OMS, Margaret Harris.

Mudanças climáticas

Por quatro séculos, as camadas profundas do permafrost permaneceram estáveis. Um exemplo disso é o desenvolvimento de cidades na região. No entanto, as mudanças climáticas estão alterando esse cenário. Surgiram crateras na área, e até mesmo cidades estão afundando.

A questão geopolítica também tem desempenhado um papel no atraso das pesquisas. Organizar expedições para a Sibéria e colaborar com laboratórios russos já era um desafio, e a situação piorou com o início da guerra entre a Rússia e a Ucrânia. As comunicações com ex-colegas e colaboradores russos praticamente cessaram.

O laboratório de Claverie, juntamente com muitos outros no mundo ocidental, é financiado pelo governo. Eles receberam instruções para evitar contatos com russos.

As consequências do aquecimento global na Sibéria representam tanto ameaças quanto oportunidades para a economia russa. Cerca de US$ 250 bilhões em infraestrutura estão em risco devido ao degelo do permafrost, e esse fenômeno já contribuiu para desastres ambientais, como o derramamento de petróleo de Norilsk em 2020, à medida que o solo se torna instável.

No entanto, a região possui recursos naturais valiosos, como carvão, gás natural, ouro, diamante e minério de ferro. Ao contrário de outras regiões com permafrost, como o Alasca e a Groenlândia, a Rússia tem sido mais ativa na exploração desses recursos.

Alguns cientistas também expressam preocupação de que tecnologias, como a usina nuclear flutuante russa Akademik Lomonosov, possam abrir áreas anteriormente inacessíveis ao longo da costa da Sibéria para a mineração, à medida que rotas livres de gelo no Círculo Ártico aumentam a acessibilidade.

Isso levanta a questão da pesquisa em si, que busca identificar ameaças à humanidade, mas inadvertidamente pode propagar perigos. A possibilidade de contaminação cruzada durante expedições de coleta de amostras é significativa. Portanto, alguns pesquisadores começam a defender abordagens mais cautelosas e menos ávidas por recursos.

Claverie sugere que seria útil estabelecer um sistema especializado para monitorar a saúde da população inuíte, a fim de identificar doenças emergentes de forma mais rápida, caso venham do permafrost.

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Outras organizações também estão cientes desse risco. Recentemente, a Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional abandonou um projeto de US$ 125 milhões que visava buscar vírus em regiões do sudeste asiático, África e América Latina que poderiam potencialmente infectar seres humanos, devido a preocupações de que a pesquisa em si possa desencadear uma pandemia.

Enquanto isso, Claverie afirma que não planeja retornar à Sibéria, independentemente do desfecho da guerra. Ele enfatiza que o perigo existe e que prosseguir em expedições para desvendar segredos nas profundezas congeladas seria insensato.

"À medida que envelhecemos, desenvolvemos uma perspectiva mais filosófica", diz ele. "Pode ser melhor deixar essas coisas em paz."

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